19 julho 2007

A eterna dúvida... à ou há?


Para muita gente, a eterna dúvida prende-se com a diferença entre à e .
à é a contracção entre o determinante (artigo definido feminino) a e a preposição a. O acento grave indica isso mesmo: que por “debaixo” daquela letrinha estão duas palavras diferentes. Usa-se sempre que a construção exige a preposição a e a ela se associa o artigo a. Por exemplo em: “Ontem fomos à praia” ou “Passa tu à frente.”
Entendo que não é fácil perceber que falta poderá fazer o artigo a naquelas frases (depreendendo que se juntam os a de ir / passar a + a praia / a frente). Mas, para dissiparem as dúvidas, basta substituírem a preposição por outra, por exemplo para: não só verificarão que a frase continuará a fazer sentido, mesmo que a preposição não tenha exactamente o mesmo significado (“Ontem fomos para a praia”, Vai tu para a frente.”), como ainda constatarão que usam o artigo a – portanto ele estava, de facto, lá.
é flexão do verbo haver no Presente do Indicativo, terceira pessoa do singular. Pode ter dois sentidos: existir e fazer (usado como verbo impessoal, com um sentido temporal). Assim, a palavra pode sempre ser substituída por um desses dois verbos no mesmo tempo: dizer “ dias assim” ou “ tempos que não o vejo” é o mesmo que dizer “Existem dias assim” e “Faz tempos que não o vejo”.
Portanto, na frase “Chegámos uma hora, ou seja, à uma em ponto”, temos os dois parónimos juntos. Mas nem por isso nos baralhamos: na primeira oração, confirmamos o uso do h com a substituição pelo verbo fazer: “Chegámos faz uma hora”. Na segunda, alteramos a preposição, para confirmar que se trata do à: “pela uma em ponto.”

6 comentários :

Anónimo disse...

esta já n me engano :p
professora espero um mail seu com a foto do novo rebento :D
beijinho

S. Leite disse...

Obrigada, Joana! E quando eu deixar de escrever durante mais de 3 dias, já sabem que foi por ter nascido o bebé!

Anónimo disse...

Boa, aqui está um post acerca daquele que é provavelmente o erro de português mais comum. Em segundo lugar é capaz de vir o benvindo/bem-vindo. Ou o aderência/adesão. Ou xeque/cheque. Ou ainda descriminar/discriminar. Olha, não sei quem vem em segundo...

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

Anónimo disse...

S., se me permites uma dúvida: diz-se "não haja erros" ou "não hajam erros"?

Penso que é a segunda opção, pois "hajam" é que é a terceira pessoa do plural do imperativo do verbo haver. Mas soam-me as duas bem.

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

S. Duarte disse...

Jaime, já falámos sobre o verbo HAVER no post do dia 9 de Julho, cujo título é "Hão coisas que não percebo". De qualquer modo, torno aqui a lembrar que o verbo HAVER, quando é impessoal (sinónimo de "existir"), nunca se conjuga no plural - em qualquer Tempo e Modo verbais. Por isso, a construção correcta será: "não haja erros" (Presente do Conjuntivo), tal como no Presente do Indicativo dizemos "não há erros" e não "não hão erros".

Anónimo disse...

S., desculpa, não me lembrava do post. Obrigado pela resposta.

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com