18 dezembro 2008

Boas festas!



Desejamos a todos os nossos leitores uma excelente quadra natalícia, com muita saúde, boa disposição e melhor companhia!

Beba-se champanhe ou champagne, ponha-se maquilhagem ou maquillage, diga-se pais natais ou "pais Natal", comam-se filhós ou "filhoses", enfim...

...O que é preciso é que todos passem bons momentos e, é claro, que se lembrem de voltar no Ano Novo!

15 dezembro 2008

Quem tem medo do Torneio ISEC de Língua Portuguesa?

Não há que ter medo, trata-se de uma competição amigável, através da qual alunos do 4º ano do Ensino Básico, do 12º ano do Secundário e de qualquer ano do Ensino Superior podem mostrar o que sabem e aprender um pouco mais!

E nada como experimentarem resolver uma prova para ficarem a saber com o que contam. Vamos a isso?

1. Qual das seguintes palavras não existe em português?
A – Beneficência
B – Cônjugue
C – Encapuzado

2. O feminino de «pardal» é:
A – Pardaleja
B – Pardoca
C – Ambas as formas anteriores

3. Qual das seguintes frases está gramaticalmente correcta?
A – Apenas 18% dos professores apresentou queixa à polícia.
B – Apenas 18% dos professores apresentaram queixa à polícia.

4. Na frase: «Se não formos ao cinema, avisar-te-emos»:
A – «Formos» está no futuro do conjuntivo e «avisar-te-emos» está no futuro do indicativo
B – «Formos» está no presente do conjuntivo e «avisar-te-emos» está no futuro do indicativo
C – Ambas as formas verbais estão no condicional

5. O verbo «mugir» significa:
A – Ordenhar
B – Soltar mugidos
C – Ambas as anteriores

10 dezembro 2008

Língua viva

Na esteira dos parlapiês e das coisas escanifobéticas (ou escaganifobéticas!), há, entre tantas outras, mais uma palavra de uso bastante frequente, mas que, para grande surpresa de todos nós, não se encontra consagrada nos nossos dicionários: salganhada!
Imaginem! Trata-se de uma deturpação da palavra salgalhada! Esta, sim, representa o conceito que atribuímos a salganhada: «confusão, mixórdia, trapalhada» e é o único termo atestado nos dicionários (à excepção do Dicionário da Academia das Ciências...). Diz a etimologia que provém de salgar + -alho + -ada.
A troca de um lh por um nh, que se deveu - presumo eu - a um maior conforto fónico, deu origem a uma nova palavra, que apesar de não ter encontrado o seu lugar nas páginas dos dicionários, vingou entre os falantes!
E vamos lá ver. São ou não os falantes que fazem a língua?!
Será que uma palavra só existe se estiver consagrada nas obras lexicográficas?
Do léxico de uma língua fazem parte não só as palavras atestadas, mas também todas as palavras que já caíram em desuso (os arcaísmos), todas as palavras novas (os neologismos), todas as palavras das variedades dialectais, todas as palavras de registo popular e calão, todas as palavras possíveis... E por palavras possíveis entende-se as palavras que inventamos, mas que respeitam as regras morfológicas da língua.
Basta estarmos atentos às produções linguísticas das crianças! Cada palavra por elas inventada é, com certeza, uma palavra!
Inventam-se palavras, criam-se novos significados para as já existentes! E a língua é assim mesmo: viva e com vida em abundância!

04 dezembro 2008

Um parlapiê escanifobético

Há palavras tão engraças e tão expressivas em português, que é uma pena não existirem!...

É o caso de "parlapiê", um substantivo usado em registo informal para designar uma conversa ou maneira de falar que demonstra capacidade ou vontade de persuadir os outros por meio do discurso, ainda que esse objectivo não seja conseguido. Pode, portanto, ter uma conotação negativa, na medida em que seria usado num frase deste tipo: «Ele pôs-se com um grande parlapiê, mas não me convenceu a comprar o computador.» "Parlapiê" será, assim, sinónimo de conversa, quando esta palavra tem, também, o significado de "discurso de intenção persuasiva não necessariamente convincente" (sobretudo em registo familiar).
De onde vem não sei, mas é provável que esteja relacionado com parlapatão e parlapatice, que por sua vez vêm do verbo parlar - cujo étimo é provençal (daí o parler francês). De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, parlar é «falar muito sobre assuntos, geralmente, de pouco interesse e com entusiasmo», sendo o parlapatão um impostor, que se vale de um discurso cheio de palavras falsas para tirar proveito da credulidade dos outros. O parlapiê será, portanto, esse mesmo discurso.
Quanto ao adjectivo "escanifobético", o Ciberdúvidas esclarece que começou a ser usado por jovens nos anos 50 e designava algo estranho, esquisito. É um termo que foi caindo em desuso, apesar de ter sobrevivido por várias décadas e de ter conseguido ficar registado em obras de escritores portugueses como Mário de Carvalho. Nos meus tempos de escola, ainda se dizia, o que me faz sentir um bocadinho velha... e talvez mesmo um pouco escanifobética por tê-lo usado!

02 dezembro 2008

Secretária de Estado americana ou secretária de Estado americano?

Será possível atribuir duas leituras a esta expressão?

1. [secretária de Estado] americana – em que o adjectivo americana modifica «secretária de Estado»
2. secretária de [Estado americano] – em que o adjectivo americano modifica apenas o nome «Estado»

Na minha opinião, a forma mais correcta é: «secretária de Estado americana». Explico porquê:
Se tivéssemos a contracção da preposição de com o artigo definido o, teríamos um significado mais específico, logo, o adjectivo americano modificaria apenas o nome Estado: «secretária [do Estado americano]».
No entanto, a preposição simples de exprime um sentido mais genérico, pelo que a leitura mais imediata é considerar o constituinte [secretária de Estado] uma unidade linguística coesa. Esta unidade linguística tem como elemento central o nome secretária, logo, o adjectivo americana deve concordar em género e número com esse nome, por exemplo: «secretárias de Estado americanas»; «secretários de Estado americanos».

Concordam ou discordam desta análise?