28 outubro 2016

palavras diferentes em Portugal e no Brasil


Quem não se apercebeu já dos mal-entendidos que se podem gerar entre portugueses e brasileiros por causa das diferenças lexicais?
Quando dois povos culturalmente diversos (ainda que com raízes comuns e muitos aspetos que os identificam, é claro) falam sobre realidades que designam por meio de palavras diferentes, o resultado pode bem ser o desentendimento, se não mesmo a perplexidade.

Para ajudar brasileiros e portugueses a interpretar os enunciados de uns e de outros, nada como um recurso deste tipo:


No Brasil

Em Portugal

acostamento

berma

açougue

talho

açougueiro

homem do talho

aeromoça

assistente de bordo (ou hospedeira)

bonde

elétrico

cachorro

cão (cachorro designa um cão jovem)

bala (doce)

rebuçado

band-aid

penso rápido

banheiro

casa de banho

bico (chupeta)

chupeta / chucha

bonde

elétrico

bumbum

rabo

café da manhã

pequeno-almoço

calcinha

cuecas

(fazer um) carinho

fazer uma festinha

chope

imperial

camiseta

t-shirt

camisinha

preservativo

camisola

camisa de noite

canudinho

palhinha

cáqui

diospiro

cardápio, menu

lista, menu

carteira ou carta de motorista

carta de condução

celular

telemóvel

colar (nas provas de avaliação)

copiar (nas provas de avaliação)

colorir

pintar

conversível

descapotável

coroinha

acólito

dirigir (um veículo)

conduzir ou guiar (um veículo)

durex

fita-cola

estilingue

fisga

fazer as unhas

arranjar as mãos

flanelinha

arrumador

geladeira

frigorífico

goleiro

guarda-redes

grampeador

agrafador

histórias em quadrinhos

banda desenhada, BD

isopor

esferovite

jogar (lançar um objeto)

atirar (lançar um objeto)

linguiça

salsicha

locação de filmes

aluguer de filmes

machucar

magoar

mamadeira

biberão

marrom

castanho

ônibus

autocarro

ovo frito

ovo estrelado

pia

lava-loiça, lava-louça

pista

estrada

planilha eletrônica (no Excel)

folha de cálculo (no Excel)

ponto de tricô

ponto de liga

ponto ou parada de ônibus

paragem do autocarro

porre

bebedeira

presunto

fiambre

presunto de Parma

presunto

privada

sanita

rapariga

amante, prostituta

sonho de padaria

bola de Berlim

sorvete

gelado

suco

sumo

tic-tac

gancho de cabelo

time (de futebol, por ex.)

equipa (de futebol, por ex.)

toalha de prato, pano de prato

pano da loiça

torcedor (de futebol, por ex.)

adepto (de futebol, por ex.)

travesseiro

almofada

trem

comboio

usuário

utente, utilizador

vitrine

montra

xícara

chávena (em certas regiões de Portugal, também se usa xícara)

 

Os leitores são convidados a dar os seus contributos para aumentar o número de linhas na tabela.

Nota: Tendo em conta que os comentários dos leitores também acrescentam informação relativamente ao uso das palavras apresentadas, aconselho os interessados a clicarem na ligação para os comentários, pois estes enriquecem o artigo. Obrigada a todos!

11 outubro 2016

Contingentação existe?!

Claro que sim!

Soa mal? Soa. É difícil de pronunciar? Sim? Parece uma palavra inventada à pressa? Parece.
Mas existe. Por duas boas razões.
A primeira, e mais óbvia, é o facto de se tratar de um vocábulo atestado nos dicionários. Se foi consagrado é porque os lexicógrafos entenderam que se justificava. E quem somos nós para dizer que não se justifica?
A segunda boa razão é o facto de a palavra estar bem formada, isto é, apresentar uma estrutura interna que se coaduna com as regras da nossa língua, concretamente as que se referem à inovação lexical por meio da derivação. Explico:
O adjetivo contingente dá origem ao verbo contingentar - tal como o adjetivo (im)paciente permitiu a formação do verbo (im)pacientar, através da adição do sufixo verbal -ar.
Em seguida, o verbo contingentar dá origem ao nome (ou substantivo) contingentação, do mesmo modo que conspirar permitiu formar a conspiração, por meio do sufixo nominal -ção.

Portanto, e da próxima vez que ouvirmos uma palavra que soa mal e pensamos que não pode existir, talvez seja melhor relativizar: pode não existir... mas também pode existir!