26 maio 2017

Exercício de revisão ortográfica


Para hoje, proponho aos leitores um exercício de revisão de texto: ler e melhorar a ortografia deste excerto do "Expresso curto":


O único ministro das Finanças que ele alguma vez defendeu publicamente foi Jeroen Dijsselbloem, por acaso o presidente do Eurogrupo, que é uma espécie de porta-voz de Schäuble. Mas para os mais distraídos recomendo vivamente a crónica que o embaixador Seixas da Costa escreve hoje no seu blogue “Duas ou três coisas” (e que vai exactamente no mesmo sentido do que escrevo amanhã para o Expresso).
Diz Seixas da Costa: “Só alguma saloiíce lusitana é que acha que a “teoria económica” da Geringonça é vista com admiração nos círculos preponderantes no Eurogrupo. É claro que eles podem achar curiosos os resultados obtidos, mas ninguém os convence minimamente de que tudo não decorre de um acaso pontual. Para eles, trata-se apenas de um "desenrascanço" conjuntural, fruto de alguma acalmia dos mercados, do efeito das políticas temporalmente limitadas do BCE, do salto das exportações (que entendem nada ter a ver com a ação do governo), do surto do turismo (por azares alheios e sorte nossa, como o “milagre do sol”), bem como do "pânico" de PCP e BE em poderem ver Passos & Cia de volta, desta forma “engolindo sapos” e permitindo ao PS surpreender Bruxelas com o seu seguidismo dos ditâmes dos tratado. 

08 maio 2017

Despesas extras ou despesas extra?


Quando me perguntam qual o plural do adjetivo extra, não posso evitar sentir algum desconforto. Quem pergunta quer uma resposta simples e objetiva, que não deixe margem para dúvidas... mas por vezes a resposta é em si mesma uma dúvida. Agora talvez mais do que antes, pois não me lembro de ter dado com esta disparidade há uns anos, quando fiz uma pesquisa sobre o assunto.

Hoje, o Priberam mostra-nos que, enquanto adjetivo, a palavra extra pode ser flexionada no plural, dando o exemplo das "despesas extras".


Por seu turno, a Infopédia diz-nos que extra é um adjetivo invariável, o que significa que não se altera no plural. Depreende-se, pois, que o correto será "despesas extra".

Então, em que ficamos?!

No meu entender, e pela lógica, o plural do adjetivo extra deveria ser "extras", pois não me parece que haja motivo para defender que esta palavra, se entendermos que se formou por truncação a partir do adjetivo extraordinário, seja invariável. No entanto, também podemos entender que na sua origem está antes um prefixo e, como tal, defender que por esse motivo o adjetivo também é invarável, à semelhança do que sucede com outros os prefixos (por exemplo, mini, hiper, super, etc.), mesmo quando os utilizamos com a função de adjetivos (como na frase "comprei umas cervejas mini").

Neste, como noutros casos, o uso é que acaba por comandar as regras linguísticas e a verdade é que se nota uma certa resistência de muitos falantes quanto à utilização da forma flexionada extras - a menos que seja como nome. Isto é, muitas pessoas dizem, sem hesitar, "o carro vinha com muitos extras", mas preferem falar de "horas extra" ou de "despesas extra".
Daí que a Infopédia ateste isso mesmo. Aliás, sempre me pareceu que este dicionário segue mais o uso (é mais descritivo), comparativamente ao Priberam, que é mais conservador e normativo. Posso estar enganada, claro. Mas é a leitura que faço, a partir das minhas consultas a um e a outro.

Então, quando encontramos num e noutro dicionário - como neste caso - informação contraditória, o que devemos fazer?
Bom... depende do tempo que tenhamos. Se há pressa, talvez seguir o nosso instinto e escolher a forma que nos soa melhor. Se há tempo, procurar desempatar, usando uma terceira fonte de consulta!